janeiro 16, 2010

O que houve...?

Quanto tempo passou...

O que fazemos para termos o que queremos? Qual o preço para que ser quem queremos? E mais importante, tem certeza do que quer... E do preço a ser pago por isso...?

Quando olhamos no espelho e não conseguimos enxergar nada além de alguém que não é nada, não é bom o suficiente.

Quando escolhemos congelar nossos sentimentos, nosso coração e decidimos que nada mais importa, apenas colecionar, experiências para se aproximar de algo que possa ser chamado remotamente de “felicidade”.

Quando você decide que nada mais importa, que apenas ira correr e correr sem pensar em parar jamais, e quem sabe um dia achar o fim de seu caminho, o que poderia ter a experiência mais louca?

Procurar algo que faça com que as pessoas olhem para você, status, reconhecimento por ser alguém, poder sentir... vida.

Em desespero, faz a maior loucura e quando olha percebe que aquilo foi terrível, e não foi bom. O que você faz quando percebe que não pode sentir nada. Algo está errado ? Onde errei? Onde escorreguei ? De quem é a culpa? É minha? Ou não... Culpe o mundo? Culpar por que sua vida é uma merda em muitos aspectos?

Invente a maior mentira de sua vida, nem que essa custe sua cabeça. Crie o personagem mais bem feito de todos, alimente-o e seja quem as pessoas querem que você seja. Se você não consegue agradar a si próprio tente pelo menos parecer bem para os outros nem q você tenha de rir quando sentir dor, e tenha de enganar até mesmo as pessoas em quem mais confia.

Para onde isso te leva?
Qual o premio para melhor ator do ano?
Fama, riqueza, dor e lágrimas de sangue as únicas coisas que poderá derramar. Você se esquecerá quem é você. Por que está caminhando para aquele abismo que parece tão tentador. O que você espera indo para um lugar tão escuro?

O que tem num lugar tão escuro? Eu não sabia o que buscava lá. Mais descobri. Eu queria um jeito de não poder enxergar meu próprio reflexo. E bem consegui, cheguei a onde nem mesmo os que haviam jurado estar ao meu lado puderam me seguir, todos os pecados me rondavam e incitavam a fazer as coisas mais horríveis comigo mesmo, pois era a eles que eu estava entregue.

Tão profundo que não sei se atingi o fundo, ou já havia passado dele faz tempo.

Dor? Nenhuma.

Não sentia absolutamente nada, cego, surdo, mudo. Sem tato, nem olfato e nem paladar. Muito menos qualquer sentido espiritual. A futilidade te tira até as coisas mais preciosas, como os sonhos e a magia que sempre lhe acompanha deis da infância.

O que faz com que você acorde?
Bem quando sua família começa a sangrar de uma forma horrível, e a ferida é você, pois você mesmo se amputou daquele corpo antes tão unido, você olha para sua agenda e não vê mais ninguém com que você possa conversar ou confiar, pois traiu a confiança de todos e afastou os possíveis e os impossíveis de se imaginar.

Você começa a perceber que as coisas não estão tão bem quanto pareciam, você começa a perceber que está no fundo de um mar escuro de caos, onde não sabe discernir onde fica a saída, a água densa começa a entrar em seus pulmões e você começa a sufocar e então algo sombrio te puxa para mais fundo, quando isso já parecia impossível.

Não sabe o que fazer, aonde ir, não adianta gritar, pois não há ninguém que te ouça. E assim a morte se aproxima de você, com um sorriso entristecido, pois ela sabe que ainda não era sua hora, ela sabe que você acelerou o processo. Ela não é ruim, ela n gosta de pegar as almas antes da hora, mais você chegou a um ponto onde não lhe resta mais escolha apenas o abraço gélido de seu veredicto.

Você olha tudo que te levou até aquele momento...

Escolheu o caminho fácil, ao invés de enfrentar dificuldades e os obstáculos, decidiu o mundo externo ao interno, escolheu congelar seu coração, escolheu beber do vinho ao invés da água.

Por que ?! Por que?! Por que?!

Porque teve de ser assim, não era para ser assim, por que cedi as opiniões adversas após agüentar 17 anos a elas, o que o fez sucumbir nesse pesadelo horrível, que não termina nunca. Por que fingiu gostar de vinho, por que deixou as luzes das ruas nublar sua vista, que já foi tão nítida?! Como pode abandonar a si mesmo, como pode abandonar seus princípios, sua honra, sua fé, seus amigos, sua família?! E deixar-se cair nesse mar de ilusões e fantasias, como pode ceder a vontade alheia a sua própria, sua felicidade pelo contentamento dos outros?!

Por que...

Os culpados têm nome...

Dor, dor de encarar que em suas mãos você só conseguiu as Rainhas Sombrias, nenhuma capaz de satisfazer sua luxúria e seu coração pulsante por sangue fervente, a única rainha de copas que surgiu foi apenas um flerte em sua vida. Uma carta que foi queimada do baralho. Depois de tanto esperar, desiste e chuta as cartas.

Ira, ela faz com que você esqueça a razão e busque vingança a qualquer custo, vingança principalmente quando você sente-se incapaz de algo melhor, assim você quer castigar acima de tudo a si próprio.

Medo, de nunca ser capaz de ser amado, de se permitir amar, de viver sempre com o gelo lhe fazendo um escudo, o medo nos da o ultimo empurrão na direção errada.


E enfim?

Enfim, a morte se aproxima de você, e você tenta nadar para longe, o mais rápido que conseguir. Tenta emergir mais não consegue, pois sobre este oceano escuro agora existe uma camada de gelo espessa e intransponível, as bolhas de ar vazam belos lábios como um sopro de desespero, que faz com que a morte se aproxime mais rápido. É o fim... tem tempo apenas de dar adeus para algumas poucas pessoas que lhe importam, mesmo que não fale com elas há séculos. Um falso sorriso para esconder a dor, pois mesmo no final não existe dignidade o suficiente de morrer e parecer frágil.

Faça uma ultima respiração sufocada e finalmente... Morra.



Espere... algo brilha sobre sua cabeça... os braços frios da Morte já estão a sua volta apenas se acomodando para agarrá-lo enfim... O gelo racha e um braço, de uma pele branca e alva surge fenda, o sangue escorre, pois aquela pessoa também está ferida, mais mesmo assim... Ela consegue te segurar e te puxar.

A luz da superfície é muito forte. Seus pulmões procuram o ar com tanto desespero que a dor é absurda, mais ao mesmo tempo gratificante. Tudo que enxerga é a claridade... um par de olhos, que não é possível discernir se são verdes ou azuis... Tudo que sei, é que pela primeira vez me sinto eu mesmo. E assim desmaio nos braços que me salvaram.