maio 19, 2015

Martelo de Labuta

Ouvir a voz, ver o sorriso, o brilho dos olhos... A pele... Um reflexo no espelho.

Vozes no silêncio cortam meus pensamentos e me mostram que nada mais sou que uma infinita coleção de máscaras... Olhos vazios que encaram-me na noite...

O tempo tornasse moeda dourada, aonde em um infinito de afazeres de uma vida de atrasos e horários apertados de repente ter tempo é só uma ilusão. Debruço-me sobre as horas de empenho e labuta, almejando um sonho de comprar mais tempo... Mas esse é só um sonho... Não passa de uma eterna corrida em um corredor circular, olhando sempre para frente   procurando a luz e jamais a encontrando.

Sonhos... Todos temos, poucos, muitos mas temos... É quase trágico quando nos damos conta que poucos anos se passaram e de repente, já foram muitos e a tão super estimada juventude não tem um limiar de começo ou fim... Essa não esta nas rugas em sua pele, mas em seus ossos que sentem o inverno se aproximar e nem mesmo entrar em uma fogueira pode esquentar o gelo que foi concebido a quase 12 luas atrás.

12 luas. Será essa a data? Para poder se permitir arriscar uma vez mais? E onde buscar pelos fragmentos de espelhos? De sonhos? Pelos direitos de se permitir ser algo mais do que o incansável martelo que vive apenas para a labuta?

Para onde ir e como ir? Para qualquer lugar que não o mesmo que circulo incessantemente, mantendo com sorrisos e meias palavras falsas ilusões que são a única fonte de sanidade dentro do mundo de vidro.

Como manter o equilíbrio, a garra, a disposição para levantar dia após dia secar os olhos marejados e encarar mais marteladas contra o duro ferro para forjar a esperança de uma vida a ser vivida um dia, que não dependa mais das cartas vazias de noites cênicas, épicas e desacompanhadas.

Only for a Night. - Florence + The Machine