julho 23, 2014

Escolhas

Olhar para um quadro e tentar reproduzi-lo, jamais resultará no mesmo, cada pintura é única, por mais parecida que a replica possa ser, será sempre uma replica...

Por que copiar um quadro, quando se pode pintar um novo do zero e aproveitar toda sua singularidade e descobrir um novo mundo de possibilidades?

A primeira vez nós nunca esquecemos, o primeiro beijo, a primeira noite com alguém ou nosso primeiro amor. Cada um possui traços, memórias, peculiaridades que ficam para sempre nas páginas da nossa vida. 

O que faz do primeiro tão especial? É o doce gosto do 'para sempre' que preenche tudo que o envolve. E não é uma mentira... Afinal será para sempre, nunca haverá outro primeiro, e esse ficará sempre na sua memória e na sua história mesmo que o primeiro seja o único.

Mas para sempre nem sempre é fácil... E muitas vezes o seu para sempre, não é o do outro. Todos nós somos frutos e reflexos de nossas experiências, somos nossas cicatrizes do passado, as feridas do presente e a esperança do futuro. Porém algumas vezes queremos reproduzir o passado no futuro, tentando desesperadamente resgatar memórias ou reproduzi-las novamente... Mas como toda reprodução, por mais parecida que seja jamais será igual.

A esperança de reprodução vem sempre seguida da frustração, pois projetamos as expectativas de que será igual, e enquanto desenhamos e traçamos os esboços ficamos confiantes de que estamos alcançando, porém cada curva ou linha torta, cada traço falho nos traz dor. Dor essa que só existe pois nosso objetivo é a perfeição e nos esquecemos nesse meio tempo que tal coisa não existe, afinal o que nós somos senão humanos?!

Acabamos assim desperdiçando preciosos momentos e a experiência como um todo do processo e da execução em si. E onde está o real prazer do artista afinal de contas, na conclusão de uma obra ou no processo e na dedicação que essa exigiu? 

Estamos atados e levados a viver no futuro, na expectativa, na esperança da perfeição, e com isso o tempo passa e nos esquecemos que o presente está sendo deixado de lado e quando nos damos conta... Não nos resta mais tempo.

O Tempo. Algoz mais temido e inevitável com quem nos encontraremos durante toda nossa existência... Pois não importa o quanto corra, esse sempre está ao nosso lado. Mas será mesmo que esse nos quer mal?

Talvez estejamos olhando-o errado, o Tempo na verdade é um Espelho, e nós vemos um reflexo de nosso que nos acompanha. E são os nossos arrependimentos, nossas frustrações que tornam esse o algoz, quando na verdade poderia ser seu melhor amigo. 

O Espelho, a face do desconhecido e do mais conhecido... É o reflexo de nos mesmos, e do que queremos ser... É nosso Medo, porém medo não é algo negativo, como o tempo Medo é apenas uma face do que faz de si mesmo. Nossos medos podem ser nossa força, nossa conquista, mas acima de tudo nossa verdade. 

Olhe no Espelho; o que ele reflete? Suas conquistas? Suas memórias? O tempo juntos? Ou o a solidão? 

Mas por que solidão, se nós nunca estamos sozinhos? Nós sempre temos nosso espelho, para enxergar e lembrar do passado, para nos olharmos e conhecermos no presente e para nos imaginarmos no futuro. O espelho não é um filme, mas sim uma janela de nossas escolhas e das descobertas que essas nos trazem. 

Qual sua escolha? Sempre que se questiona sobre suas escolhas, saiba que já fez a sua, você apenas ainda não compreendeu as consequências e a onde essas te levarão. Você não pode ver além de algo que você não compreende. Para enxergar é preciso compreender, e para compreender é preciso escolher.

Nós somos fruto único e exclusivo de nossas próprias escolhas. Filhos da Consequência.

Escolher não é morrer. Mesmo que escolha seja a dor, não existem escolhas certas ou erradas o mundo não é branco e preto, não importa o quanto tentamos nos convencer disso, existem apenas consequências e futuros diversos.

E então, basta saber; Qual a escolha?

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