setembro 25, 2013

Saudade das Lágrimas...

Como dói...

Cada sorriso, cada olhar... Casais se acariciando, compartilhando, dividindo.
Seja pelas lágrimas ou pelos afagos, eles trocam. Eles sentem. Eles vivem.

Você sabe o que é sentir um vazio dentro de si?Algo que faz com que todos seus órgãos sejam embalados em uma nevoa escura, como se pouco a pouco fosse correndo as paredes, o estomago, os intestinos, os pulmões, o coração, e sem parar é apenas uma sensação que se aproxima de uma dor imensurável.

O que é pior, sentir o vazio? Ou sentir a dor de amar uma imagem fantasiosa de um sonho de uma noite de inverno?

Meu corpo se deforma, e lentamente meu exterior vai cedendo ao meu interior... Até que não reste nada. Nada além de uma massa amorfa incapaz de sentir, ou de ser sentida.

Olho o baralho, olho as cartas, e vejo as sombras da Lua sobre minha mente e meu caminho. Sinto a respiração ofegante do Enforcado que debate-se sem sucesso em se virar... Por que minha Roda está tão destruída?

Qual foi o erro fatal que me colocou nessa posição? Qual foi a decisão tão grave, com o qual eu tive que pagar com a ausência total de carinho e sentimento dos outros?

Fruto de uma família de gesso que fingiu ser mármore, mas na verdade o vazio foi apenas cedido para a próxima geração.

Onde está meu medo? O medo já não me acompanha, pois nem ele consegue mais demonstrar afeto. Cada sorriso, cada afago dos casais é como um ferro em brasa que corta o gelo sem resistência.

O que eu me tornei? Um acumulo de egos que se perde lentamente em um futuro incerto? Perspectivas... Sentimentos... Tudo passa, menos o vazio não é mesmo?

Qual a sensação real do dito amor? Já sentiu isso na pele? As sensações mais próximas do que talvez fosse isso, foram indigestão, náuseas e falta de ar...

Só é possível sentir falta de algo quando não se sente nada... Afinal, qualquer coisa é melhor que nada... Mesmo que em meio a fogueira o fogo estoure sua pele, ainda sim, é melhor sentir o calor seja do ódio ou do amor, a sentir o frio do vazio que ao invés de consumir e matar, simplesmente o asfixia lentamente, e necrosa todas as extremidades de seu corpo, até que você não passe de um enorme bloco de gelo que não se mexe, que não se move.

 Qual é o verdadeiro significado dessa insatisfação? Seja pelo Arsênico diário de 6 horas por dia, que mesmo sendo letal foi o que o médico recomendou? - 'Mas doutor isso não vai me matar?'

- 'Quem se importa?' - e no final das contas essa é a real questão. Quem realmente sentiria falta de uma linda estatua de gelo? Afinal é ótima para decoração, mas dura pouco e quando começa a derreter fica horrível.

Acabar, é algo inevitável. Basta apenas a decisão de quão rápido você pretende o fazer?

Olhe o espelho, veja que nem seu corpo o agrada mais, que sua pele não é perfeita, que seu sorriso é falso, que seu olhar é vazio. Que seus instintos são de caçador, e que mesmo se alimentando de ratos, a fomo nunca passa. Que o vício corroí sua mente e seu corpo, mas alivia por segundo o peso da atmosfera sobre seus ombros.

Aprenda que quando tudo tiver queimado, só restará cinzas, e dessas não nasce nada, apenas se passa o tempo e elas se espalham e tão logo elas foram ao vento, as memórias de que essas um dia estiveram lá também se vão, afinal ele era muito bom, divertido, cheio de singularidades.... Mas não há mais nada o que fazer por ele agora que ele se foi...

E logo o nome não é mais lembrando e na verdade o pouco espírito que se mantém guardado em um mausoléu é a obrigação de uma visita ao túmulo no dia de todos os santos.

As Estrelas estão invertidas, e os Reis já não são mais sábios...

Ouço um sussurro, e então percebo que são apenas meus gritos abafados pelo travesseiro.

A que saudade que tenho das lágrimas...

setembro 16, 2013

Descobri que...

Ficar fora da rotina te ensina como ela é valiosa, perigosa e nos abre os olhos para conhecimentos que parecem absurdos mas na verdade são reveladores.

Uma noite,  quatro festas, muitas revelações.

Noite passada descobri absurdos, mitos e verdades. Mas todos igualmente valiosos. Descobri que é possível ir em quatro festas diferentes com publicos totalmente diferentes e ainda sim se divertir em todas as ocasiões.

Descobri que nunca é tarde para se separar Mesmo que você tenha mais de 75 anos, ainda sim pode deixar alguém. Descobri que mães podem abandonar filhos no dia do seu aniversário e que também não somos obrigados a laços definitivos com parentes e com ninguém.

Também descobri que nada é para sempre e menos ainda relacionamentos e sentimentos. Que você pode se apaixonar a primeira vista por alguém,  que é possível achar o amor no grindr e que nunca vi pessoas tão apaixonadas quanto essas.

Descobri que dinheiro trás opções e que opções trazem felicidade. Mas uma escolha vale mais que qualquer dinheiro.

Descobri que existem dois tipos de pessoas; as que ficam sozinhas e as que não podem ficar sozinhas.

Que drogas destroem,  controem, libertam e que deixam de ser drogas dependendo do ponto de vista que olhar.

Que alcool ajuda a ter uma noite divertida com amigos. Mesmo não sendo necessario para isso.

Descobri que sou estranho e que sou mais estranho que as pessoas qu são estranhas, mesmo sem saber o por que disso.

Que musica te leva para qualquer lugar e que sem ela é tudo uma grande merda.

Descobri que sei escrever sobre sentimentos mas que não sei sentir oque escrevo. E isso me confunde.

E que no metrô tem pessoas felizes e com familias felizes.

Foi isso que descobri.

setembro 12, 2013

280 Luas

Eu estou queimando de dentro para fora. De fora para dentro.

Só quando se para, é que pode-se ver as feridas e as marcas, os vestígios e as consequências.
Cada pequena escolha lhe afeta de um jeito ou de outro. Cada acerto não supre seus erros, mas seus erros engolem seus acertos. É um mundo louco, solitário, cinza, indiferente. Cheio de gente, cheio de nada.

Andar na rua é devastador, pisar nos cacos de vidro que estão ali para sempre... Olhas acurva da rua e saber que não tem nada no final dela. Os números não batem...Mas os valores batem, sempre à sua porta.

Engole veneno dia após dia, tentando matar um pouco o desgosto e insatisfação de viver no limbo. O limbo da falta de perspectiva. O limbo eterno de um 1 ano e meio preso no nada e no desgosto. Pra onde vamos?

Pra onde vou?

Sozinho sempre, o que me impede de pular? Tudo sempre me leva para o mesmo caminho... O caminho onde para todos os lados vejo que estou me afundando cada vez mais na lama da 'aceitação' da mediocridade. Do abaixar a cabeça... Pouco a pouco, eu me torno mais patético, mas mortal, mais humano... E de repente a sensação mágica de ser normal é mais insuportável do que a de ser diferente.

Onde está o ponto fora do gráfico?

Meus pulmões ardem, com o medo, com a angústia... Com o desgosto de respirar um ar venenoso, mesmo após a fumaça não mais os preenche-los. Dessa vez... Chega.

As fugas são cada vez menos eficazes, as drogas já não mais satisfazem... Por que não existe propósito... Não exite nada. Só o fim. Só a cinza. Só o limbo.

Mesmo as vésperas da realização de um grande projeto, me sinto imune a qualquer excitação, é apenas tensão, cobrança, e o sono se esvai a cada momento, a cada dia mais...

Estou cansado. Muito cansado. Quanto mais eu durmo, mais quero dormir.... Quanto menos saio, menos quero sair... Quanto mais sozinho, mas dor eu sinto, a cada tosse um frio na espinha de pânico e medo...

A necessidade, a angustia de procurar me preencher mas nada satisfazer... Até onde posso ir?

É como se me arrastasse, incessantemente.... Para uma praia cada vez mais distante...

Saudades do mar... Saudades da paz... Saudades de me sentir menos vazio...

Eu ignorei o vazio, mesmo esse aumentando e aumentando a cada dia, a cada instante. Mas mesmo assim... Esse acabou me devorando... Eu não sinto nada... Apenas amargo... Um gosto seco e salgado, uma textura fina que seca  boca e não desfaz. Poeira dos ossos... Dos ossos que massacrei tentando me entender, e no final... O que restou?

Ouço o sopro do vento... e aguardo anuncio de que esse vai mudar... mas tudo que vejo é que cada vez mais me aproximo do abismo final, e cada vez mais escuro e nada.

Dizem que antes da calmaria vem a tempestade, mas tudo que vejo é a tempestade indo embora e eu desamparado, sozinho boiando em um pedaço de madeira podre, que logo... Logo não será mais o suficiente.

O que me falta? Me falta dinheiro, satisfação. Todos que amo prosperam, desabrocham crescem e sou feliz por cada um deles... Porém, não vejo mais saída pois não consigo mais acompanhá-los. O Ego, subiu a minha cabeça? Será que foi isso? Onde foi que eu errei? Por que eu estou tão sozinho?

Qual foi a escolha errada? Do que foi que eu abri mão?

O vácuo logo tomará o pouco que resta e quando esse não tiver mais do que se alimentar... Então poderei descansar, dormir... E deixar de existir? Será que é isso que quero? Tenho medo do fim... Não sei o que será nele, ou se será alguma coisa?

Sinto como se toda minha força se extinguisse a cada palavra... E tudo que sinto, é sono...

Sono me toma... E nele quero ficar pra sempre... No reino do tudo possível, do desejo, da correspondência...  Onde na chuva tudo existe, e não passou de um mal entendido, e o sorriso cura tudo, e onde a mão não está sozinha, mas apertada a alguém... Alguém a segura.

Estou cansado de estar sozinho... É delicioso o óde ao narcismo infinito de ser auto-suficiente, mas a verdade é que chego perto da 280ª Lua Cheia, e ainda... Só.

Meus pulmões ardem... o ar que respiro é venenoso... assim como as palavras que eu escrevo... Que só mostram como é possível rasgar a própria carne com um fragmento do espelho que outrora foi seu maior desejo.

O que adianta ser o reflexo perfeito de um exterior que anos projetou, se a vontade é queimar a pele e a carne para sentir algo... Algo que preencha ou algo que termine com esse vácuo.

Fim... É isso?