Já começa a segunda.... Tarde e sem sono.... Não por não estar cansado. Pelo contrário, estou exausto.
A verdade é que a quase 6 meses não descanso... Não paro, pois preciso ocupar minha mente com algo. É domingo.
E novamente olho e tenho todo o tempo do mundo... Mas não consigo considerá-lo por que parece que não termina nunca o algo. Nada ocupa e por mais cheios que sejam os domingos ainda, Só, é a única coisa que sinto.
Olho a velha maquina de escrever empoleirando no armário, mas ainda não tive coragem de bater em suas teclas... Não por alguém, mas por mim.
Novamente a sensação que me fôra um dia tão familiar bate a porta, e vejo ali sob o batente disforme e ausente, o reflexo do vazio. O buraco começa a aparecer, e a pele grossa da cicatriz que o cobriu parece ficar mais e mais fina... Uma ferida que não se cura sem cuidados...
A frieza que o sustenta está abalada, e nas paredes de gelo e vidro, é possível notar as rachaduras e a estrutura comprometida.
Outro fim, outra ceia... Todos os lugares à mesa preenchidos, mas nunca aquele à esquerda. O brinde, os sorrisos, a gratidão, e ainda sim o vazio.
A anos o natal perdeu o gosto, o que um dia foi algo mágico, se tornou uma data sem sentido. A família diminuiu, a mesa só aumentou, mas a verdade é que no final de tudo as lágrimas ainda são as mesmas... Que as vésperas do verão, ainda são frias como as de um final de julho, hoje secas, raras e difíceis mas inegavelmente presentes.
E o que as cartas trazem à mim? Uma vida de muitas viradas, mas a jamais a certeza do lugar a mesa.
O incômodo discreto como a ferida em meu braço mas sempre presente quando apoio a mesa.
Me feri? Ou fui ferido? Tudo que peço tempo para dormir, chorar e principalmente respirar.