Em milhões de formas aleatórias que pode surgir, ainda sim transparente e tão simples. Não se pode tocar nele sem correr o risco de deixar um pouco de você e mancha-lo por um instante. Ainda sim, muitos passam, observam e não dão a relevância, afinal é só um pedaço de vidro largado na rua.
Não é um diamante a ser lapidado, muito menos uma moeda ou um trocado, é só um pedaço de vidro encostado.
Engraçado por que a especialidade deste é refletir exatamente o que os outros pensam dele, não é se adaptar, fingir ou enganar, é apenas mostrar o lado que mais é conveniente ao expectador. Mas muitos se assustam por que as vezes um pequeno pedaço de vidro pode ser afiado demais, perigoso demais, ou até mesmo simples.
Não existe uma forma quando se trata de sentimentos, e isso vale para um ou para outro até mesmo para um pedaço de vidro. Ele um dia já foi parte deu um todo, mas por algum motivo se quebrou, se perdeu, se esqueceu e se tornou apenas um pedaço afiado de vidro encostado.
Qual o destino de um pequeno pedaço de vidro afiado? Ser partido em pedaços ainda menores até que volte ao pó e areia que lhe deram origem? Ou algum dia ele se tornará algo mais?
Do pó ao pó, esse é o destino que nos aguarda, mas ainda sim pode haver um algo mais nesse meio? 251 luas se refletiram nesse vidro, muitas memórias, segredos e para que? Sem pertencer a nada além de si, e aprender a se moldar as pisadas e arremessos a que foi submetido, qual é sua verdadeira culpa? A de ser um pequeno caco de vidro sem nenhuma mancha real, apenas as marcas da chuva que parecem lagrimas secas com o tempo e a exposição. O que se tornou?
Sonhar é o que realmente faz no escuro da noite e das madrugadas que passar jogado na calçada implorando para não ser varrido para um outro lugar tão pior.
Que culpa tem um pequeno pedaço de vidro de ser tão transparente e afiado? Quem tirou o direito dele ser amado?